domingo, 10 de outubro de 2010

SWU e um dos valores do Rock



RATM inflamou a plateia brasileira



RATM inflamou a plateia brasileira
por Abonico R. Smith, Joaquim Sarmento e Rodrigo Meister

Fotos: Urbanaque (RATM)

Noite 1 – 09.10.10 (sábado)

Se você não aprendeu depois de mais de meio século de História, preste atenção: o rock’n’roll é perigoso para a saúde do estabilishment e ele estará muito vivo sempre que houver alguém insatisfeito querendo mudanças na política, na sociedade, nas artes, no SISTEMA. Os conservadores podem chiar; os detentores do poder, censurar (ou pelo menos desejar isso); a maior rede de TV do país interromper abruptamente a transmissão ao vivo depois de ser xingada em uníssono pela plateia (estimada em 47 mil pessoas). Rock sempre será contra dogmas, censuras e cercas que separam a área à frente do palco para o público “seleto e VIP” que paga preço superfaturado pelo “privilégio”.

O SWU, ironicamente, aprendeu isso logo de cara. E honrou o seu nome (“começa com você”). Afinal, começou com o próprio festival tomando essas invertidas sob o comando (ora, veja só) da principal atração do primeiro e de todo os seus três dias. Não adianta cabeça de publicitário mauricinho bolar esquema grandiloquente em nome da conscientização sócio-ambiental e de uma pseudorrevitalização do espírito “paz-e-amor” que já não tinha lá muito sentido quatro décadas atrás em meio a todo o caos que envolveu o hoje inexplicavelmente mítico festival de Woodstock. Não teve a lama esperava pela chuva prevista, mas o Rage Against The Machine também honrou o seu nome (“Batalha contra a máquina”) literalmente jogou por terra abaixo toda a pretensão do SWU.

O mesmo vocalista Zack de la Rocha que incentivou pela internet a derrubada das barricadas foi “obrigado” a dar uma de cobrador de ônibus (ou seja, pedir em alto e bom som para a multidão dar uns passinhos para trás) numa das várias interrupções (forçadas pela produção?) de seu show. O guitarrista Tom Morello colocou na cabeça o boné do MST, para quem a banda cedeu os convites de cortesia da noite a que tinha direito. A multidão, ensandecida pelo som do RATM (tanto pelo grave arrasador do baixo de Tim Commerfold, as guitarras cortantes de Morello, a batida  quanto pelas letras de alto teor subversivo), mandou a toda-poderosa Globo e o próprio SWU “tomarem no cu”. Não adianta ser políticamente correto, ecologicamente engajado e financeiramente extorsivo (com estacionamento valendo cem reais e bares cobrando seis por cerveja e refrigerantes). Com a alma do rock’n’roll o negócio sempre vai ser mais embaixo. Mais para dentro. Nas entranhas. Visceral. E foda-se o resto, não importando o que se tem pela frente.






Zack de la Rocha: dedo na ferida
 Zack de la Rocha: dedo na ferida


Fonte: http://www.mondobacana.com/musica-outubro-2010/swu-brasil-%E2%80%93-ao-vivo.html

Em: 10/10/2010