domingo, 29 de agosto de 2010

As impressões de The Catalyst

      
             De 02 a 26 de agosto podemos dizer que, para determinados milhões de expectadores, o mundo girou de maneira diferente. Desde antes do lançamento, o single The Catalyst já dava muito o que falar. As promoções e os previews, os poucos segundos que vazavam nas chamadas de rádios ou tvs de alguns países e, principalmente, a versão editada para o trailer do game Medal Of Honor vinham a colorir a imaginação de muitos que estavam à espera do mais novo álbum de inéditas do Linkin Park, A Thousand Suns. A princípio, podemos dizer que aquele som que foi escolhido pela banda como carta de apresentação para os fãs teve uma receptividade dividida. Podia-se perceber que, em várias partes do mundo, de acordo com muitos comentários em várias comunidades e sites na internet, enquanto muitos demonstravam fascínio e admiração com a coragem de a banda se arriscar com uma nova proposta de som, vários outros recuaram para as origens do Nu-Metal, acusando o Linkin Park inclusive de perder sua essência desde que lançaram Minutes to Midnight (2007), disco que viria a deixar o Nu-Metal de lado pela primeira vez. A inflexibilidade de críticas viriam a afirmar uma condição para aqueles fãs e promover uma questão fundamental para a relação artista-fã: afinal, qual a função daquele que produz uma obra de arte (pintura, livro, filme, música)? Agradar o público ou satisfazer a própria necessidade enquanto artista?

            Uma obra de arte pode ser entendida como um projeto subjetivo do artista que objetiva-se mediante meios de reprodução. Mas também pode ser resultado do requisito de alguém ou algum setor da sociedade. No caso da música, o mercado fonográfico, que costuma peneirar aqueles que ficam dentro ou fora do sucesso num determinado momento, é quem impõe as condições para o artista, de maneira que é necessário um tempo considerável de serviços prestados para o mercado fonográfico até que o artista possa finalmente conseguir autonomia para produzir o que quiser com o aval de liberdade fornecida pelo mercado, claro, se o artista conseguiu encontrar um campo fixo de sucesso recorrente. Este parece ser o caso do Linkin Park atualmente. Os três discos de inéditas fixaram um campo próprio na música com milhões de cópias vendidas. Tornou-se uma banda de reconhecimento mundial desde seu primeiro disco, e ainda não passou por nenhuma crise. Em outras palavras, sabendo que o sucesso possui altos e baixos, os números mostram que o Linkin Park continua com uma frequência de venda e audição tão forte no início, o que nos faz dizer que essa banda ainda não se viu na parte  "baixa" da fama. Um exemplo básico é a liderança de vendas de Minutes to Midnight, aquele que seria o pior CD da banda na opinião dos fãs reacionários do Linkin Park enquanto Nu-Metal.

           Mas afinal, que é o sucesso? Como se dá esse processo de subjetivação daquilo que é objetivo, ou seja, como se  dá o processo de um disco ou música entrar no gosto popular? A princípio, entendemos que se não fossem os mecanismos utilizáveis pelo artista, como as rádios, a TV - a comunicação de uma maneira geral -, a obra simplesmente ficaria conhecida em alguns lugares. A internet é uma das principais e mais recentes ferramentas de o artista expor sua obra. Essa nova ferramenta permite que o artista, principalmente o artista independente, se livre do cachê que tem que pagar pras rádios, além de fazer propaganda de seu som sem estar necessariamente ligado a uma gravadora, permitindo assim uma maior liberdade tanto na criação de sua obra quanto na sua repercussão. Se para um artista independente a internet é uma grande ferramenta de comunicação, imaginemos como a internet ajuda a quem já é mundialmente conhecido. Foi pela internet que o Linkin Park começou a inserir os fãs nessa nova fase da banda, liberando aos poucos tudo o que estava ligado à The Catalyst e consequentemente  a A Thousand Suns. Fizeram com que os fãs tivessem sede da música com as partes das músicas aos poucos liberadas aqui e ali... Fizeram com que os fãs tivessem fome do vídeo com as fotos lançadas no Facebook da banda. Aproveitaram a situação de apreensão por parte de todos os seus espectadores e fizeram várias entrevistas. Mike Shinoda e Phoenix viajaram para alguns países para participação em programas como a MTV, até que finalmente foi possível encontrar The Catalyst - Single e The Catalyst - Official Video, respectivamente a partir de 02 e 26 de agosto, datas de lançamento de um e de outro, em sites como o Youtube. E assim a TV e as rádios já tocam The Catalyst e então a música vai completando o ciclo do sucesso, vendendo cada vez mais e fazendo o disco single e o álbum A Thousand Suns serem comprados todos esses dias que antecedem a data de lançamento mundial do disco completo de inéditas.

            Se The Catalyst enquanto single foi recebido com uma série de dúvidas perante muitos ouvintes, o clipe oficial veio como uma onda que varreu estranhamentos. A direção de Joe Hahn  fez aquele novo som ter um vídeo tão consistente quanto o clipe de In The End, por exemplo, que foi é um dos singles mais conhecidos do LP. O clima de apreciação da destruição, os dois lados de uma aniquilação - a beleza da explosão e o caos do fim - foram conceitos trabalhados do começo ao fim da proposta da banda e exigiram dos próprios integrantes da banda um desgaste físico considerável, visto o excesso de fumaça e o semi-afogamento de Chester Bennington. Por fim, fica a impressão de reflexão sobre o futuro do planeta: "Vamos queimar sob a luz de mil sóis?"

              A partir do lançamento do clipe, vemos finalmente que o debate sobre qual a função da obra (se era pra satisfazer o artista ou o fã) se dilui. A banda soube exprimir-se chegando aonde queria chegar e alavancou ao mesmo tempo a estima de muitos fãs que tinham sérias dúvidas a respeito de A Thousand Suns. Parece que agora dá para compreender o conceito desse novo cd, que foi enfaticamente esclarecido por parte dos próprios integrantes da banda por ser um disco que deve ser escutado do começo ao fim, com músicas que se completam e se combinam. Além disso, é como se a música por si só não bastasse. Seria necessário um vídeo para demonstrar seu sentido enquanto obra. É isso que fez muitos os críticos do ritmo "popizado" de The Catalyst dizerem que o vídeo salvou a música e a mania de inovação da banda.

              Concluindo, estamos prestes a conhecer um novo ciclo do Linkin Park. A consequência inevitável disso é que teremos ex-fãs, os mesmos fãs que se tornarão mais fãs ainda e os novos fãs, já que mais uma vez o LP está indo bem mais além do que muitos pensavam que eles iriam.

Escrito por @Nogomes (Claudionor Gomes)



              

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