terça-feira, 26 de junho de 2012

A forma e o conteúdo de Living Things



O Linkin Park está lançando mundialmente, neste 26 de Junho, o seu quinto disco de inéditas, Living Things. E pra não deixar passar batido este fato, o Rock e Sociedade preparou uma análise sobre a forma e conteúdo do material (sim, a audição já estava disponível no iTunes e o disco estava vazado desde o dia 15). Isso significa que trataremos aqui tanto da apreciação da música quanto da letra. Desde já esclarecemos que os pontos de análise não são baseados na crítica especializada - trata-se de mais uma produção da experiência da audição do material por um fã que gostaria de compartilhar com quem quiser saber sobre como é possível perceber este novo disco que, assim como os demais, significam uma quebra de paradigmas sobre as expectativas em relação à banda.

Assim como A Thousand Suns (2010) - e desde Minutes to Midnight (2007) - o Linkin Park mostra a superação em relação ao seu antigo rótulo de Nu-Metal, que vez ou outra surge com alguma banda (vide Deftones e Hoobastank) ainda ofegante, mas que se encontra contextualmente enterrado desde a metade dos anos 2000. No entanto, pode-se dizer que Living Things é uma reconciliação com o estilo que consagrou a banda, mas considerando também as contribuições dos demais álbuns. Se em Hybrid Theory (2000) e Meteora (2003) nós vemos as explosões de guitarras sobrepostas sobre uma batida eletrônica com scratches, gritos e raps perpassando pelas músicas com temas de natureza de conflito pessoal, em Minutes to Midnight vemos uma primeira experiência revolucionária para a banda: poucos raps, ausência de eletrônica e apelo melódico para cantar uma mistura de temas pessoais com temas políticos. Em A Thousand Suns, a revolução ocorre mais uma vez: um disco conceitual, bem mais politizado, com poucas faixas voltadas para o rádio. Dessa vez a guitarra fica para o último plano; a eletrônica domina, e Mike Shinoda surpreende com novas formas de rapping. E então, dois anos depois, chega ao mundo Living Things: um disco contrário ao ATS, menos politizado, menos polêmico também, cheio de baladas, dando a certeza que se o último disco não foi algo pro público, esse com certeza será. As guitarras voltam e fazem lembrar Meteora. Mas não se trata de mais um disco de Nu-Metal - MTM e ATS também deixam suas marcas a ponto de que este novo trabalho é uma colagem de tudo o que o Linkin Park produziu de bom até agora. Os temas centram nas questões pessoais, e encontramos músicas com as melhores vocalizações de Mike Shinoda e Chester Bennington até então. É mais um disco para ficar na história. 

As músicas comentadas em relação à forma e conteúdo você vê agora:

1. Lost In The Echo

Forma:  2 fundos eletrônicos e uma guitarra subordinada ao sample. A grande jogada da música é realmente o rap do Mike: temos aqui o melhor rap do cara em todos os discos do Linkin Park. A agressividade com a qual Mike incorpora o rap é a grande carta na manga pra uma música aparentemente normal para o Linkin Park.  Chester entra sempre pra repetir um refrão curto e igual. Isso faz com que as 3 longas estrofes do rap de Shinoda sejam melhor apreciadas.

Conteúdo: A melhor frase é esbravejada por Mike em sua última estrofe: "I don't care/Where/The enemies are" (eu não temo aonde os inimigos estão). Trata-se de uma música com temas pessoais, como é em todo o álbum. Parece uma mensagem para alguém que errou e teve sua reputação reduzida a nada.


2. In My Remains

Forma: Mais uma vez 2 fundos eletrônicos (1 para uma base alienígena e 1 para coordenar a melodia que será seguida pela guitarra estrondosa). O verso é limpo com a voz de Chester seguida por um teclado e bateria. Na estrofe após o primeiro refrão Mike Shinoda aparece pra fazer backing vocal para Chester. Depois do segundo refrão, um pouco de silêncio e depois surge Mike cantando "Like an Army, Falling, One by one by one". Esse momento também é o mais importante da música. A ascenção com a qual essas frases são cantadas são o peso animador da canção.

Conteúdo: Se em Lost In The Echo nós tivemos uma sanção a alguém por um erro que este alguém cometeu, em In My Remains temos uma situação parecida, tendo no entanto o agente falante reconhecendo que também não cumpriu as promessas com a outra pessoa. A música trata, em outras coisas, de objetivos não alcançados.


3. Burn It Down

Forma: Temos aqui 2 teclados (sintetizadores?) como fundo. Mais uma vez a guitarra surge acompanhando a base de proposta eletrônica. Chester mostra uma primeira surpresa em seu vocal. O eco em sua voz reforça para que a música grude na sua cabeça e que você ouça todas em momentos próprios, como noites chuvosas. O refrão é explosivo e mais uma vez Chester mostra domínio na voz com um alcance de tom incrível (covers não repetirão isso com facilidade). E depois que se vai o segundo refrão, Mike aparece com seu rap mediano incendiando a canção em seu ponto alto. (Mike parece realmente ser o ponto-chave deste disco)

Conteúdo: A letra parece muito uma continuação de Burning In The Skies (curiosamente, também é uma terceira canção no álbum A Thousand Suns). As semelhanças não são por conta do "Burn" no título, mas pela temática da destruição. Enquanto em Burning In The Skies se anda em pontes que o indivíduo queimou por ele mesmo, em Burn It Down é cantado um ciclo de erros sem solução, como se não se tentasse outra alternativa para um determinado fim. A frase mais emblemática da música pode ser "Tudo o que eu precisei foi a única coisa que não pude encontrar".

4. Lies Greed Misery

Forma: Com introdução eletrônica, o rap de Mike parece uma volta ao experimentalismo de A Thousand Suns. É provavelmente a contribuição de ATS mais visível em Living Things. O destaque está no grito de Chester na parte final da música.

Conteúdo: "Eu quero ver você engasgar em suas mentiras, engolir a sua ganância, sofrer sozinha em sua miséria", quando cantada no refrão explosivamente, mostra o lado de irritação da banda. Essa letra lembra as queixas encontradas também em In The End (Hybrid Theory).

5. I'll Be Gone

Forma: Com início eletrônico, a tonelagem da guitarra se sobrepõe e (dessa vez) não se subordina aos samplers. Desde a estrofe comum aos versos, Chester Bennington inova de uma maneira que é possível apostar que essa é a melhor música já cantada por ele. Uma melodia doce que vem de sua voz e que martela (principalmente no refrão). Mike acompanha timidamente em algumas partes, principalmente no refrão. É a música que mais se parece com músicas do Meteora.

Conteúdo: A letra é de despedida. Talvez uma carta de suicídio, talvez menos negativo que isso. A frase certamente mais emblemática vem no pós-refrão: "E diga à eles que eu não pude me ajudar / E diga à eles que eu estava sozinho / Me diga, eu sou o único e não existe nada que me faça parar." Uma música triste que tem, no entanto, uma melodia apaixonante.

6. Castle Of Glass

Forma: Com uma batida meio country ou soul e uma introdução em teclado, Mike Shinoda canta uma melodia muito suave. Com uma voz calma, agradável, que se mistura no refrão com a de Chester a ponto de não vermos quem é quem. Essa mesma experiência vocal está em Burning In The Skies, do A Thousand Suns. A música é o tempo todo determinada pela bateria. Uma sonoridade tão incrível quanto I'll Be Gone.

Conteúdo: Uma letra humilde, de reconhecimento de fraqueza, de pedido de ajuda depois de uma situação fracassada e desgastante. Como Mike diz, "Lave a tristeza pra longe da minha pele e me mostre como é estar inteiro novamente." Como Chester diz, "Porque eu sou apenas uma fresta neste castelo de vidro
Não sobrou quase nada pra você ver."

7. Victimized

Forma: A batida parece um punk-hardcore, quando é cortada pelo vocal de Mike cantando suave e surpreendendo a música por isso. E no refrão Chester vem explodindo tudo de acordo com a proposta inicial da música. Então, logo depois, Mike reaparece agora fazendo rap, até que Chester, com seu grito até o talo, corta a canção mais uma vez. É a música mais explosiva do disco. Mais louca também.

Conteúdo: A música trata de um acerto de contas, aonde o prejudicado ("vitimado") toma a sua vez e enfrenta o problema. Todo o rap do Mike explica: "Eles estão agindo como eles querem um motim / Então eu darei um motim a eles / À medida que as sirenes tocam mais alto, num ritmo violento / Jogue suas cobras na grama, abastecendo o veneno / Eu não estou assustado com suas presas, eu admiro o que há nelas / Você esteve esperando nas sombras, pensando que está escondido / Mas a verdade é que você vai ter que tropeçar para pegá-los / Lauryn já os acertou / E você deve estar brincando / Quer falar sobre uma vítima? / Eu vou colocar você lá com eles"

8. Roads Untraveled

Forma: Com mais uma introdução de batida alienígena (coisas de Joe Hahn), o lado orgânico da música começa com Mike aos pianos e cantando (de maneira surpreendente tanto quanto em Castle of Glass). A música tem uma pegada mais triste, mas a letra é mais animadora do que em I'll Be Gone, por exemplo. Chester acompanha com backing vocals. Mas a parte alta da música é uma vocalização (aonde Mike mais uma vez surpreende) que lembra Back Back Train do Aerosmith (Honkin On Bobo), e o solo de guitarra que vem logo depois.

Conteúdo: A música é basicamente uma auto-ajuda. Uma conversa entre alguém experiente ditando um conselho para alguém inexperiente que esteja passando pela mesma situação agora. O dueto Mike e Chester cantam "Não chore pelas estradas em que não andou. Não chore pelos sinais que não viu. Talvez seu amor nunca acabe, E se você precisar de um amigo, Há um lugar aqui, junto de mim."

9. Skin to Bone

Forma: Uma música com estrutura inovadora para o Linkin Park. Intencionalmente sem guitarras (substituída por samplers), a música segue-se com frases curtas cantadas Mike Shinoda num efeito vocal que mais parece uma distorção em seu limite. Mas a melodia é suave, talvez a música mais "não-Linkin Park" do Linkin Park. Há algo que lembra o folk. Algo acústico, apesar da presença forte do eletrônico e da bateria modificada.

Conteúdo: Uma letra de advertência. Percebendo o erro inevitável que está por vir, citam-se as descontentes "Quando seu nome finalmente sumir, eu estarei feliz por você ter ido embora" e "Conforme a luz das estrelas se torna cinza, eu estarei marchando para longe".

10. Until It Breaks

Forma: São três músicas em uma só. Um resquício de A Thousand Suns?? Temos um Rap do Mike semelhante a When They Come For Me, uma melodia cantada por Chester que mais lembra animes dos anos 80/90 (parece Dragon Quest ou algo parecido, ou mesmo as músicas de vitória dos Final Fantasy's).

Conteúdo: a letra é tão direcionada a algo/alguém que não foi possível interpretar de uma maneira mais universal. A única coisa que se pode tentar interpretar como algo universal é a parte em que se fala de Banksy e Brainwash, ícones da arte de rua e pop-art. "Eu sou apenas um Banksy e você é um Brainwash. Se ligou nisso?"


11. Tinfoil

Forma: É uma música instrumental (eletrônica) que dá início à última faixa, Powerless. Portanto, não tem conteúdo na letra.

12. Powerless

Forma: Chester canta sobre uma base de piano. A presença da eletrônica se mantém, mas como um ruído simples ao fundo. A música vai ganhando novos elementos (a bateria - em batida de balada - vem depois do primeiro refrão, junto com o backing vocal de Mike Shinoda). Depois a guitarra se faz presente para um solo seguido de vocalização. Uma música calma, que sugere reflexão, lembrando Leave Out All The Rest (Minutes to Midnight).

Conteúdo: É uma música sobre relacionamentos fracassados. Alguém que tinha o poder em mãos e por isso deixava o outro fraco. E de repente se descuidou e estragou tudo. "E você tinha tudo, mas você foi descuidado para deixar cair. Você tinha tudo, e eu estava ao seu lado, impotente".

domingo, 26 de fevereiro de 2012

10 pílulas do rock nacional para as desilusões amorosas

Segue uma listinha básica de músicas que são a dose certa para desilusões amorosas. Dentre bandas nacionais contemporâneos e artistas clássicos, o tema transcendental cantado em todas essas músicas não tem prazo de validade. Enjoy!




I. Harmada - Sufoco


Vai fervendo às seis da manhã o café que eu fiz
Pra te livrar desse sufoco
Dessa coisa tola que eu não sei explicar
E vai passando na TV qualquer bobagem
Só pra te fazer dormir em casa
Uma hora, outra vez

Faz tempo eu não te vejo mais em mim
No silêncio não encontro o que dizer
Agora o que eu preciso acreditar
É tudo o que eu queria esquecer
Por hora já não sonho mais por nós
Nem tento disfarçar qualquer razão
Se hoje o que eu preciso te mostrar
É mais do que eu consigo te dizer
Perdão

Tudo que era seu ainda está aqui guardado em casa
A cor, o som, a roupa que eu achei
Pra você vestir quando acordar melhor
E antes de sair eu sei
Vai me olhar nos olhos
Como que pedindo pra ficar
Só por uma noite, um talvez

Faz tempo eu não te vejo mais em mim
No silêncio não encontro o que dizer
Agora o que eu preciso acreditar
É tudo o que eu queria esquecer
Por hora já não sonho mais por nós
Nem tento disfarçar qualquer razão
Se hoje o que eu preciso te mostrar
É mais do que eu consigo te dizer
Perdão




II. Terceira Edição - Pois Não



Esqueceram de avisar
Aonde o mundo foi
E eu não me despedi,
Eu queria te pedir...
Eu não pude te abraçar
e niguém mais ficou

Esqueceram de dizer
Quando água acabou
E eu não pude mais chorar,
Eu tentei chorar
Eu fiquei triste...
Lágrima não desceu

E não se esqueça,
Na primeira chance,
De pedir pra descer também
E não se sinta mal,
Se é pra viver tão triste assim,
O melhor é...

Esquecer de tudo... Então
Esquecer do mundo... Pois não

Esqueceram de falar,
E eu esqueci de ouvir
E eu não pude acreditar
Que melhor não pode ser
Eu criei meu próprio mundo
E onde está você?

E não se esqueça,
Na primeira chance,
De pedir pra descer também
E não se sinta mal,
Se é pra viver tão triste assim,
O melhor é...

Esquecer de tudo... Então
Esquecer do mundo... Pois não

E ela então se foi e nunca mais me viu
Ela que cresceu, nunca mais viveu



III. Sabonetes - Hotel


Roupas no varal
Chuva de verão
Os dias soltos no quintal
Vão me dando a direção

Se você perguntar o que eu fiz
Se você quer saber o que eu quis
Ah, o tempo passa e eu penso demais
Pra dizer ao vento que me satisfaz
E eu minto

Quartos de hotel
Há alguém que se perdeu
Se você perguntar o que eu fiz
Se você quer saber o que eu quis
Ah, o tempo passa e eu penso demais
Pra dizer ao vento que me satisfaz
Tanto faz
O tempo passa e eu penso demais
Pode ser que eu tenha te deixado pra trás
E eu sigo
E eu minto
E eu sinto

Se você perguntar o que eu fiz
Se você quer saber o que eu quis
Ah, o tempo passa e eu penso demais
Pra dizer ao vento que me satisfaz
Tanto faz
O tempo passa e eu penso demais
Pode ser que eu tenha te deixado pra trás
E eu sigo
E eu minto
E eu sinto
E eu sigo



IV. Volantes - Maçã


Estou abrindo mão
Por tanto tempo eu quis
Mas não sei por que razão não foi tão bom quanto se diz
Por aí
Vai ser fácil ver
Volta e meia algum deslize onde eu enxergue você
E pra ti
Tão difícil eu sei
Se já vinha em passos brandos
a tendência é que vá ser

Por um caminho longo
O dia inteiro pra chegar do outro lado da rua
E devolver suas coisas
Não quero nada que faça lembrar

Eterna briga pra esquecer
Por mais clichê que seja
O tempo vai dar conta e desfazer

Os nós mais apertados
Hábitos de cada manhã
Em que o calor vinha do lado
Já com gosto de maçã

Me diz por qual caminho
Você vai passar
Pra eu desviar
Eu quero andar sozinho




V. Raul Seixas - A Maçã

Se esse amor
Ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor
Vai se gastar...

Se eu te amo e tu me amas
Um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais...

Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa num altar...

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...



VI. Cazuza - O nosso amor a gente inventa


O teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver

Não pode ver que no meu mundo
Um troço qualquer morreu
Num corte lento e profundo
Entre você e eu

O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba a gente pensa
Que ele nunca existiu

O nosso amor
A gente inventa

Te ver não é mais tão bacana
Quanto a semana passada
Você nem arrumou a cama
Parece que fugiu de casa

Mas ficou tudo fora de lugar
Café sem açúcar, dança sem par
Você podia ao menos me contar
Uma história romântica




VII. Vespas Mandarinas - Antes que você conte até dez


Posso escrever e não dissimular
É o que eu ganho por estar mais velho
Não tenho nada para impressionar
Nem por fora nem por dentro
E a noite inteira eu vou cruzando o mar
Porque os sonhos voam com o vento
Na minha janela é ele a soprar
Só pra ver se estou desperto
Me perdi num truque de palavras
Me anotaram mal a direção
Já escrevi meu nome numa bala
Já provei a carne de cação
E eu já tenho tudo planejado
E alguém disse que não, não, não, não, não
Agora o vento sopra pro outro lado
Me leva pela mão
E há quem diga não, não, não

E o que me levará ao final
Serão meus passos no caminho
Não vê que só se está atrás
Quando persegue seu destino
Sempre na minha mão tem um punhal
Nunca é o que era pra ter sido
Não é porque digo a verdade
E sim por nunca ter mentido

E eu não vou me sentir mal
Se algo não me sair bem
Aprendi a derrapar
E a me chocar contra esse chão
Que a vida simplesmente vai
Como a fumaça desse trem
Como um beijo e nada mais
Antes que você conte até dez
E eu não voltarei a ser estranho
A quem não chegara me conhecer
Também não vou dizer que eu te amo
Tão pouco deixarei de te querer
Deixei de voar e me afundei
No meio dessa lama eu encontrei
Algo de calor em teus abraços
Agora eu sei que nunca voltarei



VIII. Vespas Mandarinas - Retroceder Nunca (Render-se Jamais)


Não sei pr'onde vou
Mas não me deixo levar
Não tenho direção, nem aonde chegar
Não faço promessas
Pra não abandonar
Eu ando tão depressa, pra não divagar

E nada vai me parar
E não importa quem cruze o meu caminho
Eu estou sempre só, eu estou sempre sozinho

Só sei que eu não volto atrás
Retroceder e nunca, render-se jamais

Só sei que eu não volto atrás
Se eu errar o caminho, pra mim tanto faz
E o que importa um erro a mais
Retroceder nunca, render-se jamais




IX. Detonautas - Nem Me Lembro Mais


Nem me lembro mais
Quando te conheci
Tanto tempo faz
Que já mudamos
Nossa forma de agir...

Só me lembro bem
Do preço do seu olhar
E hoje me desfaço
Desse traço, sem pensar...

Não quero esquecer
Nenhum detalhe seu
Provo prá você
Minha memória é maior
E acho que cresceu...

Tenho a solução
Para essa falta
De consideração
Viver intensamente
Novamente
Cada situação em paz
Sempre e sempre em paz
Em paz!
Sempre em paz!

Pronto pra viver
Como ninguém mais
Tudo é melhor assim
Pronto pra viver
Quando tanto faz
Sem permitir um fim!



X. Detonautas - O Inferno São os Outros



O que seria da tua beleza
se eu fechasse os meus olhos para você?
Do que adiantaria essa tua ideologia
se a tua própria liberdade se transformasse em opressão?

Escute o meu silêncio

Talvez você não tenha percebido
que eu te quis também
Se ao menos eu pudesse te mostrar
que o inferno são os outros

Você não quis me escutar
e o tempo não parou

Vou sair pra ver o sol
Vou mentir e dizer que não sou feliz
Vou sair pra ver o sol
Deixo a porta aberta se quiser voltar
mas saiba que eu também consigo viver só

A solidão quem me ensinou a ser mais forte
E a qualquer lugar eu vou sem medo

Você não quis me escutar
e o tempo não parou
Vou sair pra ver o sol
Vou mentir e dizer que não sou feliz