sábado, 23 de julho de 2011

Amy Winehouse (14/09/1983 - 23/07/2011)





Não se sabe ao certo o que aconteceu. Como toda notícia bombástica com pessoas famosas, a própria imprensa segurar as informações e delas se utilizar quando lhe for conveniente é já uma prática velha e conhecida por todos. Quem sofre, obviamente são os fãs que devem estar descabeladamante procurando por verdades. Mas sobre fatos, temos ao menos um: Amy Winehouse, 27, se fora neste 23 de julho de 2011. Não será aqui extendido sobre sua possível causa de morte ou seus últimos momentos. Que fique para os livros dos biógrafos, os laudos médicos, as homenagens na TV e internet, enfim, o espírito parasitário de quem busca lucro  até nesses momentos mórbidos.

Esse post não tratará da maldade/bondade das drogas. Não abrirá os olhos para consumos do ilícito. Não buscará especulações, apesar de estarmos todos atentos às novas notícias. Apenas é uma reação à notícia. No momento (14h49), faz cerca de uma hora que passou na TV Brasileira o que estava se especulando no Twitter, com os retweets de uma ou outra pessoa sobre um possível boato do corpo de Amy Winehouse encontrado em seu apartamento em Londres. Depois o jornal The Sun, em poucas frases, passa a confirmar a informação ao momento em que o Jornal Hoje da Globo convoca o repórter Marcos Losekkan, de Londres, pra dar mais informações. A mídia até então não tinha informações oficiais, a não ser a nota da Polícia Metropolitana de Londres, que diz "A polícia foi chamada pelo serviço de emergência de Londres para o endereço na Camden Squares pouco depois das 16h05 de hoje, sábado, 23 de julho, seguindo relatos de que uma mulher foi achada desacordada". Com a confirmação pela agência de notícias Reuters e a CNN falando sobre o caso, não resta dúvida de que não se trata de um simples boato.

Alguma surpresa? Talvez. Mas é uma hipocrisia muito grande querermos dizer neste exato momento o que, de fato, teria feito Amy Winehouse morrer. Pelo que se tinha notícia, Amy estava em processo de gravação de seu novo disco de inéditas, estaria mais feliz e publicizava vontade em superar as drogas. Posso dizer que há 2 anos eu acreditava que Amy estaria prestes a aparecer morta a qualquer momento. Estava preparado para esta notícia. Hoje não. Pelas poucas notícias que tive dela (leia-se escândalos), acreditava eu que a mesma estaria de fato voltando pro mundo da música sem grandes problemas. Tive mais fé nela, mas infelizmente foi uma fé em algo perdido. A perdemos.



Permita-me só uma reflexão, caro leitor. Uma reflexão brotada por não ter passado pela situação, mas por conhecer o cotidiano desses indivíduos após ter lido várias biografias de artistas problemáticos. A fama é uma assassina tão forte quanto as drogas. O sentimento de poder por estar famoso tem por trás um sentimento forte de solidão humana. A pressão da mídia por uma imagem, muitos torcendo por um escândalo, enfim. E a descrença da ajuda humana seguida da certeza de que o alívio pode ser procurado com algum dinheiro. Hedonismo, no final das contas, é o último valor que prevalece quando tudo parece estar perdido. Estas são algumas das verdades por quais Amy estivera passando ultimamente. Era uma viciada qualquer e tentava viver como tal, mas nesse mundo ela jamais seria alguém normal novamente. Depois de seu "Back to Black", ela foi endeusada. Será mais ainda depois de sua morte, principalmente por ser aos 27 - o que para os conspiradores do Clube dos 27 significa mais uma prova de que há algo por trás dessa coincidência mórbida. De tal clube, fazem parte Brian Jones, Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain - e agora Winehouse.

Back to Black é, para mim (e que fique claro que não digo isto por Amy ter morrido), um disco épico, que entra para a história. A certeza disso me fez comprar um dvd ao vivo da Amy apresentando seu disco, há alguns anos. Um disco de colecionador, que agora voltará as lojas infelizmente com preços abusivos por conta da morte de Amy. Enfim, quero apenas deixar claro que Back to Black é um disco tão explosivo para seu criador quanto fora Nevermind para Kurt Cobain.

Por fim, torço para que não lembremos de Amy Winehouse pelos seus escândalos e polêmicas, mas pela sua música, voz e vontade de existir - que é uma forma mal-compreendida da vontade de viver. Que nos lembremos do estilo, da dor que sentimos quando a vemos - agora, mais do que nunca, só mesmo em vídeos inatualizáveis - se esforçar para ficar em pé, sem esquecermos que não se trata um viciado de incompetente.

Incompetência mesmo são dos donos de opiniões que acham que a mesma estaria buscando a autodestruição pra aparecer na mídia.

Amy contribuiu muito para este mundo com sua arte. Infelizmente não durou muito, mas sempre levaremos consigo a doçura de sua voz e suas letras fortes e sem pudor.


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