segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Que Feeling é Esse?



Sid, do Slipknot, dá um "mosh" no público pulando de uma torre de cerca de 4 metros de altura. O que justifica essa confiança no público para fazer isso?

O Slipknot é até então o grupo mais performático do Rock In Rio de 2011. Não é novidade tal fato. Talvez eles sejam mesmo o grupo mais performático do mundo atualmente (para além do Kiss, do Marilyn Manson, do Ozzy, etc.) e são famosos por isso além do som que empenham dentro do Nu Metal. 

Neste show do dia 25/09, durante toda a apresentação e sobe e desce de percussões, giratórias da bateria quase que a invertendo por completo, um fato surpreendente: enquanto era executada em coro a música Duality, Sid, dj do Slipknot, atravessa o corredor que divide a platéia e se encaminha para o limite da torre da mesa de som, situada na frente do palco. De lá, o público o assiste pular nas pessoas, que o seguram com cautela. É um momento que não podia passar despercebido por quem assiste a banda, seja do Rock in Rio ou em casa, acompanhando a transmissão na tv ou internet. É o que temos na sequência de imagem acima. Se você não viu o vídeo, ele está logo a seguir:


A grande questão é: como Sid, o carinha da banda que pulou no público, conseguiu fazer isso (por 2 vezes!) sem escrúpulos suficientes para o fazer voltar atrás?
Estamos falando de formas performáticas perigosas. Vemos isso com mais frequências entre os fãs, que quando sentem vontade, sobem no palco (quando é possível) e pulam para os outros da platéia segurarem. Essa atitude é conhecida no meio roqueiro como o termo "mosh". Mas é difícil encontrar essa ação com artistas, quando eles são os agentes produtores do entretenimento e, por isso, ocupam uma posição de admiração por parte de quem paga para lhes assistir. Talvez seja uma rotina do Slipknot em fazer isso por todos os lugares que eles vão - e, naturalmente, parte da performance - mas quero refletir sobre esse ato que não deixa de ser perigoso, o que poderia trazer um prejuízo para a banda caso as coisas descem errado e ninguém segurasse Sid. Outros artistas também fazem essas estripulias, como Kurt Cobain do Nirvana. Tais artistas parecem encontrar coragem suficiente em algum lugar para a prática a essa ação, somada à suas crenças (ou ausência mesmo ausência delas) de que irá sair tudo perfeito; estou falando, em outras palavras, que pode parecer que eles próprios nem se importam mais do que os fãs consigo mesmo quando vão fazer moshs ou outras performances de risco.

Defendo a ideia de que, quando as relações estão numa tensão harmônica em busca de um objetivo final cuja meta está sendo conquistada (no caso de um show, a satisfação da banda com o artista), criam-se laços, ainda que rápidos, de fidelidade e satisfação entre os agentes envolvidos. Sejam eles cliente e vendedor, patrão e empregado, fã ou ídolo. Talvez tenha sido por isso que Sid sentiu-se seguro em pular para aquele público que demonstrava satisfação com a banda a cada canção cantada. Talvez tenha sido porque Kurt Cobain apenas não se importava se iria se machucar (como aconteceu algumas vezes), mas entendia que pular no público durante um determinado momento seria uma atitude underground e rock'n'roll que valesse a pena (confira o show do vídeo abaixo)


Kurt Cobain e o Crowdsurfing - Surfando na Galera


O certo é que há algo no Rock (deve haver nos outros estilos musicais também, mas eu não sinto), seja ele colorido ou de death metal, em que se gera algo como um "clima" propício àquele momento, o que faz criar adrenalina e outras substâncias agradáveis no corpo, capazes de nos tirar dos braços cruzados e acompanhar com diversão o show. Deve ser por isso que temos as rodas punks, os moshs, os crowdsurfings, os headbangings (batimento de cabeça - um sucesso para quem tem cabelão; não é o meu caso mas é minha forma preferida de exalar satisfação nos shows de rock que assisto). 

Mas para além disso, há um sentimento de companheirismo mútuo. Ocorre quando os artistas pedem ajuda da platéia e eles atendem, ou quando os fãs se batem numa roda e se ajudam caso algum caia ou seja atingido pra valer em alguma parte do corpo que machuque muito. Aí eu já não sei até onde isso só acontece com o Rock, mas acho que pra cada estilo musical há uma maneira diferente de demonstrar essa rápida epifania. O que eu posso dizer é que fazer isso no rock é compensador e satisfatório (eu e meus amigos fazemos isso e concluímos isso convergentemente), e bem menos vulgar do que o beija-beija das micaretas, estupros dissimulados do funk e briga no forró por cantarem a mulher dos outros; portanto, meus aBEgos, ainda que eu volte pra casa com os braços roxos, eu prefiro é ir pra um show de ROCK, man!

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